“Brasília e o Construtivismo: um encontro adiado” abre no CCBB.

A construção de Brasília nas décadas de 50-60 foi ícone da campanha desenvolvimentista encampada por Juscelino Kubitschek. A capital, erguida rapidamente, carregou em seu projeto urbanista os conceitos da arte modernista não contemplando um movimento artístico que, conceitualmente, estava totalmente relacionado com o processo de industrialização que o Brasil experimentava – o construtivismo. Hoje, 50 anos depois, obras dessa vertente, que poderiam ter sido perfeitamente incorporadas à paisagem urbana de Brasília, ocuparão lugar de destaque no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília, na exposição Brasília e o Construtivismo: um encontro adiado, 20 de julho a 19 de setembro de 2010.

A ideia é justamente promover a interação entre o urbanismo/arquitetura moderna e a arte construtivista brasileira (Concreta e Neoconcreta) na Capital Federal, deixada à margem no período de sua construção. “É um cenário perfeito para a sintonia dessas duas produções de ponta do Brasil moderno, que, no entanto, jamais se consumou plenamente“, afirma o crítico de arte carioca Fernando Cocchiarale, que assina a curadoria. Ele dividiu a mostra em duas partes distintas e complementares: nos jardins do CCBB estarão as obras e projetos escultóricos/ tridimensionais e na Galeria 2 estarão as de escala menor.

Na parte externa o público poderá conferir trabalhos de Amilcar de Castro e Franz Weissmann (neoconcretos) – os únicos, dentre todos os artistas construtivistas da década de 1950, a deixar um número considerável de esculturas destinadas à exposição ao ar livre. De Amilcar, estarão suas esculturas em chapas de aço Cor-Ten, enferrujadas superficialmente, dobradas de forma irregular, ressaltando os contrastes entre cheios e vazios. As esculturas lineares, que funcionam como desenhos tridimensionais, que marcaram a trajetória artística de Weissmann, estarão explorando os espaços dos jardins do CCBB.

Na área interna, outros construtivistas – tais como Luis Sacilotto, Kazmer Fejer, do concretismo paulista e Lygia Clark, Lygia Pape e Hélio Oiticica, do neoconcretismo carioca – embora tenham trabalhado o espaço tridimensional da escultura, não realizaram trabalhos em grande escala. “Talvez por falta de oportunidade real de exibi-los. Oiticica, por exemplo, deixou-nos diversas maquetes de projetos em grande escala, nunca realizados“, conta Cocchiarale.

Acredita-se que a ausência de obras construtivistas do cenário urbano de Brasília deva-se ao fato de Lúcio Costa e de Oscar Niemeyer terem mais afinidades afetivas, estéticas e até mesmo ideológicas com os artistas de sua geração (Ceschiatti, Bruno Giorgi, entre outros) do que com a geração construtivista que os sucedeu. “Isso talvez esclareça porque os construtivistas não tenham sido convocados para integrarem suas obras à paisagem urbana da nova capital, apesar das afinidades entre os dois movimentos“, acrescenta.

Serviço – Brasília e o Construtivismo: um encontro adiado

Data – De 20 de julho a 19 de setembro de 2010

Funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 21h.

Centro Cultural Banco do Brasil Brasília

Galeria 2 e jardins

SCES, Trecho 02, lote 22

Tel: (61) 3310-7087

ccbbdf@bb.com.br

Entrada franca