Os bons velhos tempos voltaram. “Encontro Cabeças” acontece no dia 14 de agosto no Parque da Cidade com entrada franca.

 

Crédito: Acervo Cabeças.

A geração de Brasília que tem hoje entre 40 e 60 anos de idade seguramente lembra, com nostalgia, das tardes de show ao ar livre, regadas a música, teatro, dança, poesia, artes plásticas. Um tempo em que a cidade – muito jovem – mantinha intato seu espírito de modernidade, sua alma pacífica e criativa. Tempos dos Concertos Cabeças. O evento que marcou a história de Brasília, reunindo milhares de pessoas a cada edição e apresentando nomes que depois viraram ícones pop como Renato Russo e Cássia Eller, vai ser lembrado no próximo dia 14 de agosto com um grande show. É o ENCONTRO CABEÇAS, que a partir das 15 horas preencherá de arte a Praça das Fontes do Parque da Cidade. Como nos velhos tempos. 

Estarão reunidos no palco artistas e grupos que fizeram parte de toda essa história: Esquadrão da Vida, Reco do Bandolim, Suzana Mares, Rênio Quintas, Ivan Sérgio, Eduardo Rangel, o mímico Miquéias Paz, Jaime Ernest Dias, Carrapa do Cavaquinho, Oficina Blues, Milton Guedes, Maurício, Ticho Lavenere, Renato Matos, Liga Tripa e Grupo Beirão do Forró, além de um revival da banda Mel da Terra, uma das primeiras nascidas na capital brasileira. Durante os intervalos, espaço para os poetas recitarem seus versos.

Foto: Acervo Cabeças.

ENCONTRO CABEÇAS nasceu da idéia do criador e diretor do antigo Concerto Cabeças, o produtor e ator Néio Lúcio. Para homenagear os 50 anos de vida da Capital Federal, nada seria mais apropriado do que trazer à vida o projeto que foi a vitrine mais inventiva das expressões artísticas nas décadas de 70 e 80 na cidade. Projeto que reuniu e revelou músicos, poetas, artistas plásticos, atores, atrizes, bailarinos, performers.

A história dos Concertos Cabeças começa em finais da década de 70, com shows realizados no gramado da 311 sul, onde já funcionava a Galeria Cabeças. Mensalmente, reuniam-se ali jovens de todo o Plano Piloto e cidades satélites, num grande happening cultural. O lugar foi ficando pequeno e surgiu um projeto de itinerância, batizado de Cabeças Grande Circular (homenagem à linha de ônibus mais usada da época). Daí, surgiram eventos regulares realizados na 312 norte (chamados de Panelão da Arte), Gama e Guará. Até que por volta de 1980, Néio Lúcio decidiu transferir o evento para a antiga Concha Acústica do Parque da Cidade, um lugar que estava abandonado e que foi totalmente revitalizado no período.

Foto: Acervo Cabeças.

Pelo palco dos Concertos Cabeças (que aconteceram até 1991, sem a mesma regularidade dos primeiros tempos) passaram todas as principais bandas do rock brasiliense (Legião Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial, etc), artistas como Cássia Eller, Renato Matos, Odette Ernest Dias, Nicolas Behr, os grupos Pitu, Liga Tripa, Mel da Terra, Pessoal do Beijo, Dois ao Absurdo e tantos outros que fizeram a história da arte na cidade.

Queremos que este Encontro tenha os mesmos princípios que norteavam nossos gestos naquele tempo, para que possamos rever o calor humano que nos impulsionava ao exercício criativo“, explica Néio.

Para relembrar os artistas que ajudaram a criar a identidade artística da cidade, toda a cenografia será composta de painéis com fotos da época, mostrando amigos que faleceram e que participaram dos Concertos Cabeças: Cássia Eller, Renato Russo, Paulo Tovar, Aluízio Batata, Kido Guerra, Marcão Adrenalina, Pereira, Cristina Borracha, Vitinho (Victor Max), Nanduca (Fernanda Mee), José Ariosto, Margareth Cabral, Wladimir Murtinho, Ary Pararaios e Cesinha (César Góes), entre outros. Também para ser fiel ao formato original, próximo ao palco será montado um espaço para que poetas, artistas plásticos e fotógrafos possam expor e vender seus trabalhos.

O ENCONTRO CABEÇAS promete ser o primeiro passo de um projeto mais ambicioso. A intenção de Néio Lúcio é criar o MUSEU BRASÍLIA CULTURAL DOS ANOS 70 E 80, com um endereço virtual para a memória cultural desta geração, onde qualquer pessoa possa encontrar informações e imagens da época. Para isso, o produtor está solicitando a todas as pessoas que possuam material, como fotos, matérias de jornais, revistas, vídeos, etc, que façam uma doação para a Associação Cabeças. “Queremos criar o clube do pertencimento“, avisa Néio. O site já disponível e pode ser acessado no endereço: www.cabecas.org.

Foto: Acervo Cabeças.

Museus são casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas; são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes“, diz Néio Lúcio. “Queremos colocar estes acervos a serviço da sociedade, com o objetivo de propiciar a ampliação de construção identitária, a percepção crítica da realidade, a produção de conhecimentos e oportunidades de lazer“.

Mas o museu não deve ser apenas virtual. Néio Lúcio está pleiteando uma área dentro do Parque da Cidade para erguer um projeto ambicioso que promete criar uma ponte entre o passado e o presente, usando material de arquivo e muita tecnologia.

PROGRAMAÇÃO

Abertura – 15 horas

Esquadrão da Vida

Grupo Reco do Bandolim

Suzana Mares

Renio Quintas

Ivan Sérgio e Banda

Eduardo Rangel

Mímico Miqueias Paes

Jaime Ernest Dias e Banda

Grupo Carrapa do Cavaquinho

Grupo Oficina Blues

Milton Guedes e banda

Mauricio, Ticho Lavenere

Renato Matos e Banda

Grupo Mel da Terra

Grupo Liga Tripa

Grupo Beirão do Forró

Serviço: Encontro Cabeças

Local: Praça das Fontes – Parque da Cidade

Data: 14 de agosto de 2010

Horário: a partir das 15 horas

Entrada Franca

Classificação indicativa Livre.